A286

Noites de bagdá

A286
Chegou sua vez de sentir o que já fez sentir uma pá, tiro nas costas, atentado noites de Bagdá
Hoje sua mãe que vai chorar, sonhar com a justiça com risco de infarto entre a morte e a vida em pleno seu dia
Entendeu o que sente a tia do filho desaparecido, algemado e jogado na blazer no último dia visto

E vê se a solidariedade do governador consola quem no dia das mães ganhou o filho na cova
Vai explicar ao pivete que o papai hoje não volta
Que paz aqui se tenta de R15 e pistola

Um patriota desempregado no lixão sonhando com um trampo, registrado na carteira sem profissão
"A população não precisa temer, está tudo sob controle do Estado"
70 corpos, 80 presídio rebelado
Ontem quem apanhava algemado na viatura, hoje decreta da cela que hora que pode sair na rua
Põe gasolina na garrafa, aciona o arsenal que eu ainda vou queimar busão e mandar gambé pro hospital
Pode pedir socorro federal que é luto, quero imprensa internacional, notícia no mundo
Cansei de ri com bolsa-esmola, cota, leite integral, me trás o Ford da propaganda, o talão de cheque especial
Que quando Deus não ajuda a pólvora faz seu papel, .40 em três dia pra descançar no mauzoléu

Noites de Bagdá, pá, não é assalto
Todo mundo pra fora do ônibus que ele vai ser incendiado
Hoje não tem trabalho, não tem festa, não tem lucro, já que armamento pesado é poder público

Justiça sempre foi meu sangue derramado, caixão lacrado, sem motivo comprovado não é repercussão no caso
Fome, barraco, condição de moradia pra rato
E pra fazer do seu filho mais um soldado do tráfico
O estranho quadro, o vidro estilhaçado do banco foi metralhado com M16 que você me trouxe esse ano, também o posto policial, a cabeça do soldado GCM, PM vestiu farda virou alvo

Não vem me comparar com o boy psicopata
Pra cada vidro quebrado, manchado de sangue existe causa
Alguns pra não se conformar com a ferida do rosto, na busca do lixo reciclável, rango pro almoço
Outros por já saberem que a faculdade não é pra ele, que pro seu filho não tem tênis de aniversário e vídeo-game
Não tem coca, teve pra assistir a COPA, se não queimar o colchão, dá prejuízo pra frota

Aqui se forma em faculdade não por amor ao conhecimento é pra matar namorada com dois tiro e não ficar preso, nem ter que prestar serviço pra detento no induto, ou mata e quita sua dívida ou sua mãe tá de luto
Vem ver que aqui e condena conforme a participação da imprensa, seu pai é rico então tá livre da pena

Pros boy tá liberado mata os pais com namorado
Que liberdade não é justiça e sim um bom advogado
Noites de Bagdá, pá, não é assalto

Todo mundo pra fora do ônibus que ele vai ser incendiado
Hoje não tem trabalho, não tem festa, não tem lucro, já que armamento pesado é poder público

Liga pra mãe do agente penitenciário, diz que a polícia tá com o cu na mão e ninguém pode salvá-lo, que o governador tava ciente dos atentado, lançamento das bombas foi descentralizado

Fala pra ela que pra tudo existe causa, quantos DP ignora a prova não divulgada. Igual a morte do suspeito inocente em alta velocidade, depois dos tiro pediram sua identidade
Também sonhei com a igualdade e com a paz até entender que arsenal de guerra aqui é sinônimo de poder

Competição de morte pro choque é condecoração de ouvir aplausos á cada 111 no caixão
Aqui o direito do cidadão se conquista na granada, na imprensa filmando a delegacia metralhada
Blinda sua casa, o posto policial e a viatura pra próxima bomba deixar um cuzão de testemunha

Noites de Bagdá, pá, não é assalto
Todo mundo pra fora do ônibus que ele vai ser incendiado
Hoje não tem trabalho não tem festa, não tem lucro, já que armamento pesado é poder público

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