Selo de sangue
Abel e caim
Lá nos campos de batalha o Pracinha escrevia,
Pra sua noiva contando a saudade que sentia,
Como era examinada todas as cartas que saía,
Mandava boas notícias, a verdade não dizia.
Pra sua noiva contando a saudade que sentia,
Como era examinada todas as cartas que saía,
Mandava boas notícias, a verdade não dizia.
Um dia chegou uma carta e estava escrito Lurdinha,
Por não ter outro presente, junto com esta cartinha,
Tire o selo desta carta e guarde por lembrança minha.
Tirou o selo e por baixo com sangue viu assinado,
Estou sem as duas pernas num hospital internado,
Lurdinha foi na Capela rezar pro seu bem amado,
Pra que Deus mandasse ele, mesmo que fosse aleijado.
E quando a segunda carta a Lurdinha recebeu,
Tirou o selo depressa e com espanto percebeu,
Embaixo não tinha nada, rasgou o envelope e leu,
Que num hospital de guerra o seu amado morreu.
Lurdinha ficou doente, pouco tempo mais durou,
Dois selos tão pequeninos destruiu tão grande amor,
O primeiro trouxe o sangue com que seu noivo assinou,
E o derradeiro envelope foi a morte que selou.
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