Menino listrado
Alex góesO vale onde nasceu mais parecia um buraco
Não fosse pelas listras no corpo do menino
Ele era perfeitamente normal e sadio
É que lá naquele vale todos que alí nasciam
Eram vermelhos como o sol ou azuis da cor dos rios
Mas os pais não vacilaram e trataram de esconder
E o pintaram de vermelho pro azul não aparecer
E então ele cresceu sem ter contato com listrados
E depois se convenceu de que ser um era errado
De vez em quando ouvia falar em algum demente
Que não se pintava e gostava de ser diferente
E o rapaz não entendia como é que podia ser
Como é que podia ser listrado e sobreviver
Se todos desejavam para os listrados a morte
E então continuou se escondendo atrás da sorte
Um dia muito cansado resolveu viajar
E foi pro outro lado das montanhas descansar
E chegando simplesmente ele não acreditava
Na quantidade de listrados que alí morava
Não havia alí maldade nenhum vício nem demência
Percebeu que havia vivido em total ignorância
Sem hesitação foi logo tomar um bom banho
E mostrar as suas listras parecia um lindo sonho
E enterrou para sempre o pesadelo medonho
E começou a transformar tempo perdido em tempo ganho
Comece a transformar tempo perdido em tempo ganho