Amelinha

Bico da jandaia

Amelinha
Nas curvas da praia
Vejo o sol
No ar, no mar, no céu
Enchendo de brilho branco
A espuma
E o vento
Vadeia coqueiral
A areia, a pedra, o mato
A concha
E o bico da jandaia
Coça a pluma
E nessa solidão
Que tenta e tange
O cinza chumbo
A sombra a chuva
Rasgo o céu
E pego o azul com a mão
Espalho nas telas
Melo o rosto
Tinjo o peito
A seda a juta
Tecendo um tapete
De emoção
Guarda teu segredo
Coração cansado
Que teus olhos embaçados
Já não podem ver
Como é negra e sangue
A saga desse sina
E tu morres de vontade
De querer viver
No vácuo do universo
Sinto seu pulsar
De estrela
Aguda em flama
Como um estilete
Agudo é pura luz
E volto a te encontrar
No vago do meu verso
O espaço é aberto
E eu vejo
Que o bico da jandaia
Coça a pluma

Perdido nesse vício
De lhe ver em tudo
O espaço agudo canta
A nova solidão
E eu solto um grito
Forte como um canto
Nas alturas
Volta o eco e rasga
O resto da emoção.

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