Barbarella
Angelica rizziInvado teus espaços
Procuro teu abraço
E nada do que eu falo ou, sinta
te faz me querer.
Me envolvo em vaselina
Engulo a saliva que ficou no teu garfo
Me deito nua em preto-e-branco abaixo do abajur de
néon
Na pele chocolate com gotinhas de cointreau na
língua o fel que me intoxicou.
Analisei Maria, Valéria Messalina meu amor
a virgem de Granada,
Shriley Temple me enfeitiçou.
Colei fotos minhas no teu quarto de dormir,e pintei
tudo de salmão
Rasguei colchas e tecidos
Ando semi-nua no terraço, e você nem ligou.
As minhas roupas eu doei para o abrigo da esquina da
emancipação
As minhas tatuagens cobrem todos meus pecados,cortes,
e feridas, cicatrizes, manchas de batom.
Notas muito agudas no piano não te seduzem mais
Comida mexicana, esmalte vinho, castanholas,botas de
cowboy só ruborizam os teus pais.
Viagens, suco de papoila
Filmes de Vadim estão na tua cara, na tua mente e,
enfeitam as tuas falas.
O sol que invade a casa pelo corredor
Jane Fonda de biquíni em 66
Rumores, vozes, imagens de Sai Baba
desfilam pela casa em meio ao tédio e a estupidez.
Eu revelei meus medos
Eu te liguei antes de me jogar
Eu risquei a tua tese de mestrado com o giz de cera
que Marina tua filha deixou na gaveta para pintar.
Esvaziei armários
Queimei livros e revistas
Em testamento o acervo de Fellini já é todo seu.
Não sinta pena nem remorso
Você foi tudo que eu podia ter
As tuas frases foram minhas
E por tantos anos eu só fui você.