Odisséia
Antonio villeroyGigantesco, ermo, frio e sem fomento
Uma luz esquiva cinge o céu deserto
Tudo é dúbio e turvo aqui nesse momento
Começo de uma rota sinuosa
Sob o hálito viscoso de neblina
Tomo a espada sobre a palma sem abalo
e avanço pela espuma sulfurina
Periga existir, periga existir
Meu nada querer, oh! meu talismã…
Periga existir… meu nada querer
Oh! meu talismã…
São muito perigos
São duros castigos ao corpo nu na amplidão
Mas vago sem trégua
São sete mil léguas onde os tesouros estão
Quantos ardis sobre a negra nau
O embate é solitário e é forte a correnteza
Vou dar muito além, um erro é fatal
Mas nada me detém: uma Deusa me
quer bem
Periga existir…
Em domínios estrangeiros dou por terra
Uma luz negra paira sobre o vento
Sei das provas que o destino me reserva
Deixo firme as provisões do armamento
Pressinto a batalha monstruosa
Contra a fúria das medusas e gigantes
Levo ao punho minha lança poderosa
E avanço pela escarpa cintilante
Periga existir…
São muitos algozes
São monstros ferozes os guardiões
do templo onde vou
Mas luto sem prece
O céu estremece, quem sabe um
Deus me guiou
Venço num triz o duelo final
Descubro o relicário e encontro a chama acesa
Já posso voltar. O mar é cruel
Mas um vento veloz vem: Uma Deusa
me quer bem!
Periga existir…