A morte do carreiro
Belmonte e amaraíRegulava meio-dia
O sol parecia brasa
Queimava que até feria
Foi um dia muito triste
Só cigarras que se ouvia
O triste cantar dos pássaros
Naquelas matas sombrias
Numa campina deserta
Uma casinha existia
Na frente tinha uma paiada
Onde a boiada remuía
Na estrada vinha um carro
Com seus cocão que gemia
Meu coração palpitava
De tristeza ou de alegria
Lá no alto do cerrado
A sua hora chegou
O carro tava pesado
E uma tora escapou
Foi por cima do carreiro
E no barranco imprensou
Depois de uma meia hora
Que os companheiros tirou
Quando puseram no carro
Já não podia falar
Somente ele dizia
Tenho pressa de chegar
Os companheiros gritavam
Com a boiada sem parar
Já avistaram a taperinha
E as crianças no quintal
Os galos cantaram triste
Ai, ai, ai, ai
No retiro aonde eu moro
Ai, ai, ai, ai
Levaram ele pra cama
Não tinha mais salvação
Abraçava seus filhinhos
Fazendo reclamação
Só sinto estes inocentes
Ficar sem uma proteção
Fechou os olhos e despediu
Deste mundo de ilusão
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