Berenice azambuja

Dançando num saravá

Berenice azambuja
(Hum, quem está chegando por aí, salve o povo do Congo,
salve pai Joaquim- Salve mizifia, força e poteção)

De um certo tempo pra cá ando até meio assustado
Não durmo mais direito com o corpo todo arrepiado
É pesadelo a noite toda eu não paro de sonhar
E alguma coisa me diz para mim ir num sarava
Procurei uma terreira e fui na mãe Ana de Oxum
Apeei o meu cavalo só escutei o zum zum
Era um tal de pai João que ali estava baixando
Índio velho encarnou em mim e já saí corcoveando

Meus olhos escureceram e eu não enxerguei mais nada
Me disseram os preto véio que a corrente tá formada
Tava formada a corrente na terreira de Oxum
E eu no meio saravando tirando meu cutufum
Trouxeram a tal de maráfa e deram pra eu beber
E com arro de guiné se atracaram a me benzer
E lá num canto a preta véia fazendo a defumação
E eu no meio corcoveando é o esprito do Pai João

Fizeram um ponto de fogo pro Pai João me deixar
E me deram sete passes com a mãe Iemanjá
Eu dava pulo pra cima e batia os pés no chão
Eu corcoveava mais do que potro redomão
Foi ai que abaixou pai Xangô lá da pedreira
Que fechou todo meu corpo pra tirar toda tranqueira
Me taparam de pipoca foi aquela polvadeira
Me botaram lá no chão e fiquei a semana inteira

Quando o santo foi embora eu não podia nem falar
Me trouxeram mais maráfa para eu me acalmar
Eu dei de rédea no cavalo para casa vou rumar
Mas outro dia eu volto pra dançar num saravá

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