Foi a flor
Bia krieger
Era uma casa velha onde ninguém morava
Em uma rua onde ninguém passava
Tinha uma porta que ninguém abria
E uma janela em que
Ninguém jamais se debruçava
Em uma rua onde ninguém passava
Tinha uma porta que ninguém abria
E uma janela em que
Ninguém jamais se debruçava
Era uma cidade cinza que lhe rodeava
Num vale cinza onde o sol não batia
E no riacho que lá não corria
Tinha um barco estagnado
Com um letreiro que dizia:
«Aqui morreram e foram enterrados
A poesia e o sonho
De quem veio neste mundo pra viver resignado
Aqui morreram e tudo o que sobrou
Impenitente e solteira
Foi a Flor, foi a Flor, foi a Flor »
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