Direito de nascer
Cacique e pajé
Conheço um rapaz tão pobre que leva a vida tristonho
Num barraco de favela lá pras bandas do Cogonhas.
Todo ano no barraco tem visita da cegonha
A esposa só padece
De tão magra até parece um trabuco sem coronha.
Num barraco de favela lá pras bandas do Cogonhas.
Todo ano no barraco tem visita da cegonha
A esposa só padece
De tão magra até parece um trabuco sem coronha.
Numa vi ninguém mais pobre num viver tão apertado
A mulher tristonha chora do marido desnorteado
Que vivendo na apertura já quer dormir separado
E cada avião que ronca
A mulher já dá a bronca esse diabo é o culpado.
O marido então reclama hoje estou vivendo assim
Tenho dez filhos pequenos a chorar dentro de mim
Um no colo, outro na cotas, grudados que nem micuim
Ela diz ora vizinhança
Já cansei de ter criança, ele quer ver o meu fim.
Não tenho nada com isso e nem vou me intrometer
Se eu pudesse eu dava jeito pra não ver ninguém sofrer
Um casal com a criançada sem ter nada pra comer
Num barraco de favela
É mais triste que a novela o direito de nascer.
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