Morada de matuto
Cacique e pajéCom esteio de gancho de cerne de aroeira
Construí meu ranchinho com janela e sem soleira
Pra rever esse matuto
Retalhando o chão bruto feliz a semana inteira.
Na sexta paro mais cedo, guardo a enxada cortadeira
Pego sabão e a toalha vou banhar na cachoeira
Faço janta e me preparo, pago a viola fandangueira
Contando moda caipira
Batendo o pé no catira faço levantar poeira.
Domingo acordo mais tarde para aliviar a canseira
Desperto com o sabiá cantando na laranjeira
Levanto e passo as horas na sombra de paineira
Os coqueiros fico olhando
Suas folhas acenando igualzinho uma bandeira.
Meu cachorrinho pitoco late e sai na carreira
Pangaré comendo milho lá no cocho de madeira
Deitado e ruminando minha vaquinha leiteira
Carijó abrindo o peito
Canta alegre e satisfeito em cima da cumieira.
Deus que pintou este quadro sem divisa e sem fronteira
Pintou os campos de verde e o azul das cordilheiras
Nos Deus o céu estrelado, uma lua seresteira
Também deu inspiração
Pra defender o sertão uma viola companheira.
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