Velho barrante
Cacique e pajéUm depoimento bastante sentido
Faz parte de um caso muito recente
Que me deixou doente e até combatido
Depois de perder quase toda família
Com a minha filha resolvi morar
Para não pesar muito na despesa
Fazia limpeza de todo seu lar.
Lavava o carro , limpava o jardim
Aquilo pra mim era muito estafante.
À noite deitado em minha rede,
Via na parede meu velho berrante
Recordava os tempos das grandes labutas
Foram muitas lutas pra um homem sozinho
Olhando o berrante ali pendurado
Eu lembrava o passado e chorava baixinho.
Minha filha um dia num ato bem rude
Tomou uma atitude que me abalou
Tirou da parede meu velho berrante
No,lixo distante a malvada jogou.
Me disse depois num cruel desafeto
Esse objeto não vai ver mais não
Eu o retirei da onde estava
Pois não combinava com a decoração.
Eu falei pra ela naquela instante
Com este berrante cortando estrada
Que eu sustentei você na cidade
Com dificuldade pra lhe ver formada.
Sabia que eu era um ignorante
Só tinha o berrante pra ganhar a vida
Queria um dia filha adorada
Te ver estudada e bem instruída.
Minha filha agora, com este seu gesto
Eu agora atesto que foi tudo em vão
O que eu e sua mãe passamos na vida
Foi luta perdida sem compreensão.
Agora eu dispenso este seu abraço
Sou muito antigo, sua casa é mansão
Nasci pra viver no pó da estrada
Eterna morada de um velho peão.
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