Cláudio lins

Bala meia-volta

Cláudio lins
Bala, volta a bala, volta o grito, volta a reação estúpida
Vidro estilhaçado e o pára-brisa volta agora a existir
Sai a bala da minha cabeça, volta o tiro, tire esse final daqui

Bala: volta à arma, tira o carma que te colocou a pólvora
Volta a bala ao berro do silêncio quando antes de partir
Volta aquele dedo, aquele medo do vermellho, abre esse sinal por vir

Tira o menino sem ter pra onde ir
Volta pro colo da mãe já nem aí
Volta pra bola, pro amor, pra escola
Pra tudo que se fez ausente
Volta pro ventre mas tira ele dali

Bala, volta a bala, volta tudo que inverteu toda essa lógica
Vida estilhaçada no estofado volta agora a existir
Tira a arma na minha cabeça, não se esqueça qu'eu vou te tirar daqui

Voto: volta à urna, tira a turma que te colocou em cólera
Volta a bala ao berro das crianças que ainda estão por vir
Bala meia-volta, volta e meia se aloja na cabeça, mas vai sair

Tira o menino sem ter pra onde ir
Volta pro colo da mãe já nem aí
Volta pra bola, pro amor, pra escola
Pra tudo que se faz ausente
Volta pra frente mas tira ele dali

Bala, volta a bala, volta o tiro, volta a arma, vota o grito, volta o vidro, volta a bala meia-volta.
Bala meia volta, volta e meia, se aloja no silêncio, na cabeça do menino, volta o tiro
Bala, volta à urna, volta o voto, volta a turma, volta o colo, volta a reação a bala meia-volta.
Bala, volta a bala, volta o tiro, volta tudo.

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