Tarde de chuva num quarto de estância
Cristiano quevedoEntre milongas ponteadas
Ouvindo a chuva bater
Contra as pedras da calçada.
Chapéu de copas batidas
Sem cabeças dependurados,
Olhando a chuva cair
Da aba larga dos telhados...
Um rádio velho, de mesa,
Com sua voz quase apagada,
Vai nos contando entre chiados
De casa e várzea alagadas...
Um calendário de datas
Nos conta os dias passados,
Com versos do velho jayme
E cavalos desenhados.
Meus livros - tantos relidos...
Em suas folhas amarelas,
(vão descansando seus versos
Na estante, junto à janela...) 2x
Um freio novo sem boca
Botas sem pés e sem calos,
Um rebenque, um par de esporas,
Na espera dos cavalos.
Bancos com marca da estância
As mesmas que andam no couro,
Da gadaria espalhada
Dos fletes baios e mouros...
Vez enquando a chuva pára
Na sua cisma de trovente,
Mas segue pingando sempre
Do cinamomo da frente...
E a janela se emoldura
Feito um quadro na parede
(e a chuva segue chovendo
Prá o campo matar a sede) 2x
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