Demétrius

O menino e o pião

Demétrius
O menino caminhava,
noite fria de São João
As estrelas ele olhava,
mãos nos bolsos, pés no chão
Na cabeça um pensamento
de repente lhe ocorreu
Que as noites eram suas
e os dias eram seus
Era grande o seu brinquedo,
tinha um mundo em suas mãos
E, apesar de ser tão grande,
era igual ao seu pião
Esse mundo que rodava,
toda a vida sem parar
E o menino caminhava,
pela noite a meditar
Se ele fosse o seu vizinho,
não brigava com seu pai
Só por causa de uma cerca
que de vez em quando cai
E se fosse engenheiro,
não iria descansar
Não deixava gente pobre
sem ter casa pra morar
Se ele fosse delegado,
não prendia mais ninguém
Ensinava quem errasse a ser bom,
a querer bem
E se fosse farmacêutico,
dentista ou doutor
Não cobrava quase nada para aliviar a dor
Se ele fosse presidente da América do Sul
Não deixava que fumaça poluísse o céu azul
Finalmente se ele fosse Jesus Cristo, rei dos reis
Tiraria da cabeça das pessoas tantas leis
Era grande o seu brinquedo.
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