Detentos do rap

Gladiador do inferno

Detentos do rap
[intro]
2 de julho de 1997, ho, quando eu cheguei na casa de detenção de São Paulo, era mais ou menos assim.

To na redoma de ferro
morre eu não quero
isso aqui é o inferno, o pior eu espero
to cercado de grades, por todos os lados
un anjo de luz, um réu confinado
mais eu conheço o terror, convivo com a morte,
sobrevivo nesse inferno
mais não é por sorte
aqui eu so as trevas, la fora a luz
a peça do xadrez jogada por Jesus
faço o sinal da cruz antes de durmi
fecho meu corpo eu sei
Deus é por mim
eu não me engrupo com essa porra
aqui nunca tá bom
meus mano na tranca dura eu to ligeiro é um dom
escada, galeria, campo, radial,
neguinho qué meu bem
neguinho qué meu mal
mais ai, eu vo alem, perigo aqui tem,
é questão da escolha certa,
o que te convem.
Maluco pingo é letra, então,
"Pega no ar"
A arena é sangrenta irmão
"Tenta se esquiva"
Um sorri toda hora
mais não é nada engraçado
você ali no chão, todo ensanguentado
improrando pra Deus, pra sobrevive
ou que algum camarada de palavra por você

Esse tal ai não!
Ele é safado, tomo tapa na cara na penita do estado
foi comido, foi zuado, no tercero pavilhão
talarico, comeu mulher de ladrão.

Essas fita ai é foda
segue o fio da navalha
o crime não é certo mais não admite falha,
e pros muleque novato, empolgado com crime
pensando que bandido é astro de supercine
se falha vai morre, sem honra e sem dó
o crime não é isso, o crime é bem pior
é respeito atitude, pra pode chega,
sem mancha no crime, sem cagueta,
se se não for o bicho é feio no mundo paralero

"Hu, vai morre seja bem vindo ao inferno"

Da zona sul ao Maitai, Jay ao seiul
Morro do Piolho, Maraca, Grajau,
se criminoso não é facil
ta ligado bandido
no campo minado se mosca ta fudido
como fulano que falo de mais
tomo foi oitenta facadas
foi pexe fora d'água na ilha pedrificada.
Ontem a tarde um mano meu colo e ligo
que um outro aliado no anexo chapo
trombo uns inimigo na cadeia de Aparecida
assino a lei dos 30 ainda com 9 de medida
agora é reicidente, expecifico, genérico
no juri um capa preta soco ele no anexo
passa tempo aqui não é nada divertido
aqui não é playcenter, brinquedo é assassino
gáz lacrimogenio de sequencia de AH-K
camufrados de cinzas na sede pra mata.
Rogai por nós pecadores na hora da morte
a pureira vermelha cobre o pavilhão nove
o sangue escorre na escada
em plena luz do dia
a noite as almas vaga na garelia

1, 2, 3, 4, 5, 6,
guiado por Jesus Cristo pra onde eu não sei
pro inferno, pro céu ou Jerusalem
aqui pavilhão nove, terra de ninguem
se eu olho pro alto largato de cinza
que anda na muralha me tem sobre mira
gambé filha da puta, esquema do governo
você me vijiando e sua mulher mulher no putero
o dia ta da hora,
a rua me chama
eu to empapusado da Coabe Santana
o que vier é lucro, morre é uma vez só,
o mundo me espera, minha familia, o por do sol,
rajada, rajada, click, cleck, bum,
o sistema a politica vão toma no cú
dinamita a muralha, derruba no chão
o 15 é inteligencia versus prisão.
Um numero a mais, um numero a menos
pro estado tanto faz, eu não to podendo
vegeta sem para, vive só de sonha,
envelhece antes do tempo, sem ve o tempo passa
Eu sonho em ainda ve, o meu jardim flori,
ve meu filho feliz, com casa pra mim ri,
enquanto vive me resta a esperança
fodeu pra quem morreu na ancia da vingança
o clima atmosférico preciona sem dó
te dexa dependente na locura do pó
robada a sua mente, tudo de bom que ah
dexando espaço livre pra maldade abita
na facudade do crime empera o panico e terror
faze final de pilantra estrupador
seja feita a vontade perante a lei do réu
se tive que prova o amargo do féu
Fleori da risada vendo tudo pela Globo
esperando que o massacre repitace de novo
aqui pavilhão nove terra de ninguem
Cristo não teve aqui, poucos dizem amém.

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