Devaneio ativo

O moço

Devaneio ativo
Ninguém olhou o rosto do moço
Ninguém ligava para seu sorriso tímido
Ninguém notava seu corpo ali então
Coitado do moço
Vestiu sua melhor blusa branca e foi para a festa
Ele me abraçou e cumprimentou todos
E esperou respeito também
Mas ninguém ligou para seu rosto pobre
Mas seu coração era nobre
E ele festejou também

Ninguém sabia que o moço havia andado horas e horas a pé
De sua casa pra festa ele não tinha mulher
Seu nome ninguém sabia
Ninguém se preocupou em perguntar
O que ele dizia não era nada serio pra gente pensar
Falava de sua família do interior
Seus tios, primos e de um grande amor.
Falava de seu trabalho que pensava ser escravo
Bebia cerveja e dizia sobre igreja que existira seu batizar
Gostava de dançar e cantar, mas dizia que não tinha mais idade para amar.

Coitado do moço
Quem cuidava do seu bem estar?
Quem sustentava seu corpo?
Quem iria lhe salvar
Mas por que acreditar?
Talvez chorasse um mar...
Sua palavra, seu argumento era fundamento e parecia lhe guiar.

E no inverno ele aparecia com sua tosse e nostalgia
Contava uma historia e desaparecia
Por mais que parecessem absurdo as suas teorias para o mundo
Funcionavam ,
E me ensinou a amar o que vem pelo o mar


Houve vezes que se pegava em gesticular
Pedia desculpas por se martirizar
E por doença que desconhecia
Em sua febre adormecia
Talvez o boato retorcia
Retardaram sua magia
Mas houve um dia
Em quem um homem num subúrbio
Que falava sobre tudo
Passou a se calar.

(eu não preciso falar de balas perdidas e hospitais imundos que seu corpo teve que enfrentar)
Eu não preciso falar de sus e de outras covardias....

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