Ednardo

Rendados

Ednardo
A tarde quente, a varanda
Cadeira de balançar
No rosário u'a outra reza
Pra fazer o tempo passar
Toda gente tem seu dia
Rede, rumo, romaria
Pelas terras de sonhar
A manhã finda e na tarde
Nos olhos de tanta estrada
O pó de arroz, a poeira
Ensaiando escuridão
Pelo rosto de Luzia,
Rendados, sombras vazias
Carinho, canto e clarão
É fogo ou vereda escura
É sede e tanta água pura
Pelas terras de sonhar
Rios de tanta secura
Sons apagados no peito
Tange em mares o verdume
Sonho, luz, ladeira e lume
Brilhava nos olhos dela
Aquela luz que fugia
Labareda, luto ou luta
Que de repente sumia
Mas antes de ser escuro
Mil coisas de amor dizia
Mas, veio o verão, sol novo
Nas sombras da garrancheira
Renda estendida no chão
E junto a flor que outrora havia
Luzia é luz ou clarão?
Meu braço vestiu seu corpo
Seu amor despiu meu medo
Mas inda nos olhos dela
Aquela luz que fugia

A tarde quente, a varanda
Cadeira de balançar
No rosário uma outra reza
Pra fazer o tempo passar
Toda gente tem seu dia
Rede, rumo, romaria
Pelas terras de sonhar

Rosário e nas rezas fica
Zeca, tu lembra a Luzia?
Qual? Aquela que pegou um filho
De não sei quem, de não sei quem
Rede, rumo, romaria
Pelas terras de acordar

Encontrou algum erro na letra? Por favor envie uma correção clicando aqui!