No tempo dos quintais
Elizeth cardoso
Era uma vez um tempo de pardais,
De verde nos quintais,
Faz muito tempo atrás,
Quando ainda havia fadas!
Num bonde havia um anjo pra guiar,
Outro pra dar lugar
Pra quem chegar sentar,
De duvidar, de admirar.
Havia frutos num pomar qualquer
De se tirar do pé,
No tempo em que os casais
Podiam mais se namorar
Nos lampiões de gás, sem os ladrões atrás
Tempo em que o medo se chamou jamais...
De verde nos quintais,
Faz muito tempo atrás,
Quando ainda havia fadas!
Num bonde havia um anjo pra guiar,
Outro pra dar lugar
Pra quem chegar sentar,
De duvidar, de admirar.
Havia frutos num pomar qualquer
De se tirar do pé,
No tempo em que os casais
Podiam mais se namorar
Nos lampiões de gás, sem os ladrões atrás
Tempo em que o medo se chamou jamais...
Veio um marquês de uma terra já perdida.
E era uma vez, se fez dono da vida.
Mandou buscar cem dúzias de avenidas
Pra expulsar de vez as margaridas.
Por não ter filhos, talvez por nem gostar
Ou talvez, por manias de mandar.
Só sei que enquanto houver os corações,
Nem mesmo mil ladrões
Podem roubar canções
E deixa estar, que há de voltar
O tempo dos pardais, do verde dos quintais
Tempo em que o medo se chamou... jamais.
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