Último trem
Fagneresquecido no último trem
procurando em estradas perdidas
os pedaços do meu querer bem
Gavião, caçador na cidade
meu olhar voou sem direção
procurando a estrela da tarde
sobre as pedras azuis do sertão
Só Deus e o diabo sabiam
Quantas léguas da terra pro céu
E a dor que o sol escondia
sob o meu chapéu
A vagar como ave sem ninho
no inverno eu te procurei
Muito além do céu dos passarinhos
Eu te procurei
Vi o sol, vi o mar, vi a relva
Vi a selva do nosso país
Via a lua na curva da serra
Vi a terra com o povo infeliz
É o azul que atrai minha terra
No deserto do teu coração
Sem o grito das ruas em guerra
Sem meninos com pedras na mão
Nesse instante, ó terra querida
Ainda estou procurando por ti
Essa felicidade é uma lenda
Que me faz partir
Pra quem sabe o lugar de onde venho
É tão claro onde quero chegar
No deserto desse novo mundo
Eu vou te encontrar
O irmão quer a felicidade
Que aparece na televisão
Para poucos toda essa paisagem
Para muitos, muito pouco chão
A paixão que enlouquece os meus dias
Adormece nos olhos de alguém
Amanhece na minha alegria
E anoitece no último trem
Como o rio que nasce na serra
E o mar no sertão
A estrada do amor quando erra
Doi no coração