Geraldo azevedo

Manequim

Geraldo azevedo
Numa loja de esquina, um manequim
O dia todo exposto
Veste um conjunto azul de brim
E ninguém vê seu rosto
Quando anoitece o comércio fecha
É que ele sai da posição
Pra descansar, ele sai

De vez em quando ele sai daquela loja
Uma loja em liquidação
Como um freguês que dá um passeio
Solto na multidão
Como um freguês que dá um passeio
Solto na multidão

Mas sempre retorna ao seu lugar
Por questão de gosto
Quase ninguém parece notar
Que ele trocou de posto
Quando amanhece
É antes do galo que ele vem
Da condução, no ônibus, no trem, ele vem

E da janela por trás do vidro
Ele vive a mesma situação
Como se estivesse atrás da vitrine
Sempre em liquidação
Como se estivesse atrás da vitrine
Sempre em liquidação

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