Gilberto gil

Nascente poente

Gilberto gil
No primeiro sol nascente
Não havia gente para ver
Não havia o nosso olhar

No primeiro sol nascente
Sobre a terra ardente
Sobre o infante mar
Nada pronto pra testemunhar

Pedra, planta, peixe vivo
Nada, nem um ser
Nem um ser
Deus sem ter a quem falar

Deus não podia ter
A quem mostrar a luz, o brilho, a cor
Eu digo: Deus como a gente crê
O Deus do jeito que a gente inventou
Até que um coração bateu
Inventando Seu amor

Derradeiro sol poente
Quando a noite eterna, enfim, descer
Que será do nosso olhar?

Derradeiro sol poente
Sobre a terra quente
Sobre o velho mar
Tudo pronto pra se desmanchar

Pedra, planta, peixe vivo
Tudo, cada ser
Cada ser
Deus começa a se calar

Deus tendo que extinguir
A nossa chama, a luz do Seu amor
O nosso Deus morrendo feliz
Logo após o pôr, o fim do sol
Do sol o pôr que Ele mesmo quis
Pôr que Ele mesmo matou

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