João bosco

Querido diário

João bosco
Confesso, querido diário
Essa mulher me convulsiona
O ar de mártir no calvário
Dentro da bacanal romana

Garanto, querido diário
Que atrás da leve hipocondria
Convive a hóstia de um sacrário
Com o fogo da ninfomania
(Hum...)

Hoje, acordei, tomei café
Me machuquei
Comprei o jornal, fiz a fé no bicho
Pichei o governo
Me senti quadrado, fui ao analista
Cantei babalu
Mais fora de esquadro
Do que esquerdista no Grajaú

E o tempo todo, meu diário
Pensava nela com amargura
O arquipélago das sardas
Nas costas nuas, que loucura!

Constato, querido diário:
Muito pior do que esquecê-la
É encontrá-la pelas ruas
Dizer "Olá, prazer em vê-la!"

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