A escrava isaura
Lupe de lupemandei mandingas pra mode você me dar carinho sem desmerecer
falei com ela que o sonho é melhor quando se está morto e coberto de pó
Mas vai lá, vê se deixa o sol nascer
pra que serve esse anoitecer
Intimamente você me faz bem, mas me maltrata por eu não ser ninguém
me dá motivos pra eu me entristecer, mas me corrige pois sabes conviver
me faz a pena que faltou a minha dó, o meu compromisso é ser sempre só
Mas vai lá, vê se deixa de crescer
pra que serve se enaltecer
Esse calor tá louco, vê se me deixa um pouco
pois eu já não aguento mais, tu não me deixa em paz
E depois parece que se esquece e vai levando deixando acontecer
E depois percebe que o que se sucede é a vontade de me reconhecer
Numa rua, numa calçada recém inaugurada,
numa escola cheirando a tinta de nova empreitada
ou por hora diz passar fome com gorda mesada
de esmola, que dá pouco, só tão pouco
Então cadê você, que me deixou assim, sozinho pra morrer, inútil até o fim
Cadê vossa mercê? Que me expulsou de mim, me resguardando
deixei transparecer, ousei lhe recorrer, parei de lhe escrever, pra não retroceder
Quando vais me dizer? Cadê meu querubim? Passou por onde vim
e nem parou
não reparou ou
me ignorou
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