Ritual de estância e invernada
Marcelo oliveiraE um aba larga tapeado traz frescor pra algum mormaço
Garrão cinchado no aço pra apartá os graxa na cola
E um palita bem pachola de bailá em cana do braço
Levanta a poeira pra cima no atropelar do matungo
Parece benzer o mundo naquela tarde sofrida
O campo percebe a lida no disparar de um brazino
Que sente o triste destino da carneadeira pra vida
De vereda que apartemo um lotezito de estado
Ficando um outro delgado pra o retorno da visita
E a polvadeira bendita mescla a terra à novilhada
Que se acampa na florada de um gravatá que se agita
Lombo de pingo suado, babando uma espuma branca
E o doze braças na anca pra percisão de algum pealo
É como jogar baralho, se pega sempre um malino
Se um dia vai pro brazino, outro dia é do cavalo
Sigo num tranco de volta no mesmo passo da sombra
E uma macega que assombra da lebre que fez morada
Quebrando o espelho da aguada, um ovelheiro cansado
No bebedouro do gado, da natureza sagrada
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