Estranha lua
Marco rodrigues
Que estranha é esta lua
Tão cheia como um ventre
Senhora das marés
Da noite feiticeira?
Que estranha é esta lua
Suspensa e de repente
Desmaiada a meus pés
Com clarões de fogueira?
Tão cheia como um ventre
Senhora das marés
Da noite feiticeira?
Que estranha é esta lua
Suspensa e de repente
Desmaiada a meus pés
Com clarões de fogueira?
Que estranha é esta lua que se mostra à cidade
Despida sem pudor, em quartos minguantes?
Que estranha é esta lua. Mulher-corpo à vontade
Num convite de amor, à noite dos amantes?
Que estranha é esta lua que dum quarto crescente
Em fases se renova, com gestos de bailado?
Que estranha é esta lua, do ventre do poente
Nascida lua nova, candeia do meu fado?
Às vezes reconheço que há lágrimas de lume
Rasgando o meu olhar, quando te vejo nua
Assim, quase adoeço no peito este ciúme
E a voz quer-me gritar, que estranha é esta lua!
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