Em memória de candeia
Martinho da vilaLevou uma queda e ficou
Impedido de ir ao samba, o samba
Foi pra casa dele.
Hoje é carnaval
A gente se reunia lá pra alegrar
O amigo, cantar uns pagodes e pegar o rango
Da dona Leonilda
Era gostoso. . .
Provar que não tem veneno
Que não tem veneno, não
Pode provar
Ai resolvemos tirar o homem de
Casa, mas ele resistiu. Falava que não
Queria cantar com as pessoas sentindo
Pena dele, mas nós insistimos e acabamos
Conseguindo leva-lo ao Teatro opinião, onde as
segundas-feiras se reunia a fina flor do samba
organizada pela saudosa Teresa Aragão. Aquilo
era bonito. . .
Mora na filosofia morou, Maria
Morou Maria, morou Maria
No dia marcado introduzimos
o grande Candeia na arena, em sua
cadeira de rodas, e o teatro veio
abaixo. Aplaudiram freneticamente, de pé
Aí o mestre foi dedilhando seu violão
Devagarinho até conseguir silêncio total.
Então cantou:
De qualquer maneira meu amor eu canto
De qualquer maneira, meu encanto eu vou cantar
Sentando em trono de rei
Ou aqui nesta cadeira
Eu já disse já falei
Que eu canto de qualquer maneira
Quem é bamba não bambeia
Digo com convicção
Enquanto houver sangue nas veias
Empunharei meu violão
De qualquer maneira meu amor eu canto
De qualquer maneira, meu encanto eu vou cantar
E a platéia chorava. . .
Peixeiro granfino
Vai na cozinha chamar mamãe
Menino
E diz a ela que tem sardinha
Tem peixe galo e cavalinha
Peixeiro granfino
Tem Xexéu, xererete, corvina e tainha
Um bom siri na moqueca
Pescado pelo mano Zeca
Salsa e pimenta de cheiro
Faz um bom tempero
O azeite de Dendê
Vai depressa correndo menino
Chamar mamãe
Chegou o peixeiro granfino
Provar que não tem veneno
Que não tem veneno, não
Pode provar
Leonilda serviu a comida em prato pequeno
Eu provei todo mundo provou
A fome é que era o veneno
Provar que não tem veneno
Que não tem veneno, não
Pode provar
Aí tiramos o mestre devagarinho
e o teatro continuou cantando. . .
de qualquer maneira meu amor eu canto
de qualquer maneira, um encanto eu vou cantar
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