Neblina e flâmulas
Mateus sartori
Vivemos de olhares em todos os lugares
E a gentileza em nós nos faz
Heróis covardes
Dois bichos desejando
Em jaulas diferentes
Num cio infinito atrás de grades
E a possibilidade
De gozo e de saudade
Floresce sem dar fruto
E a gentileza em nós nos faz
Heróis covardes
Dois bichos desejando
Em jaulas diferentes
Num cio infinito atrás de grades
E a possibilidade
De gozo e de saudade
Floresce sem dar fruto
E o luto sem saída
Na hora não-vivida
É bem pior pro coração que a despedida
Entre a neblina ouvimos
O som dos nossos sinos
E ansiamos nos tocar:
Os olhos criam luzes.
Cada encontro
Os teus olhos barcos pedem aos meus um cais.
Nas noites estreladas com velas desfraldadas
Vejo você se aproximar e os olhos brilham:
Acendo a minha quilha, enfeito toda a ilha
Pra esse encontro imorredouro
E no ancoradouro
As flâmulas que aceno se cobrem de sereno:
São lágrimas choradas em cada madrugada...
Quem viu o amor renunciar ao desafio?
Mas, no final da viagem, na hora da abordagem,
Sinto você se desviar...
Netuno sopra as luzes.
Fim do encontro:
Os teus olhos barcos gritam adeus
No mar dos meus.
Adeus.
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