Carta ligeira - alfredo nora (espírito)
Maurício gringo
Meu Lasneau, não é bilhete
Não é ofício, nem ata
É o coração que desata
Meus pesares num lembrete
Não é ofício, nem ata
É o coração que desata
Meus pesares num lembrete
Lasneau amigo, esta choça
Onde a carne, breve, passa
Cheia de lama e fumaça
É minúscula palhoça
A Terra, ante o sol da Graça
É feio talhão de roça
Detendo por balda nossa
Descrença, guerra e cachaça
Agora é que entendo isso
Mas é triste a fé sem viço
Que o sepulcro impõe à pressa
Espere sem alvoroço
Além da prisão de osso
A vida real começa
Oh! meu caro, se eu pudesse
Dizer tudo o que não disse
Sem a velha esquisitice
Que inda agora me entontece!
Entretanto, é clara a messe
Da sementeira de asnice
Perdi tempo em maluquice
E o tempo me desconhece
É natural que padeça
A minha pobre cabeça
Perante a Luz, face a face
Não me olvide em sua prece
Desejo que a luta cesse
Que a coisa melhore e passe
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