Maurício gringo

Nesga de céu - um desconhecido (espírito)

Maurício gringo
A alma extasiada
Sobe, sobe
Há toda uma amplidão iluminada
A sua vida
A estrada
É uma etérea alfombra
Sem resquícios de sombra!
É o domínio da luz que ela conquista!

Vibra no ar
Dulcíssima harmonia
Como se fora feita
De luar
De alegria
De alegria perfeita

Parece um hino de amor
Dos paganinis siderais
A ventura, o fulgor
Transformados em notas musicais

Além, fulguram sóis
Em tudo há um misto
Nunca visto
De manhãs e arrebóis

Aos clarões dessa aurora
A alma chora
Em êxtase profundo
E lembra-se que sofreu
Que amou, que padeceu

Ao longe, muito ao longe
O mundo
É um ponto negro que gira

Ainda além, mais além
A via-láctea transluz
Como um éden de luz
E de amor

Nesgas do céu, imagens de esplendor
Cenários majestosos
Soberbas harmonias
Nos mundos luminosos!

Seres que passam rápidos, flutuantes
Sorridentes, radiantes
Nos espaços sem termos, onde a vida
É a imortalidade
Anelada, querida
De pureza, de beleza
De perfeição e de felicidade!

Em baixo as vastidões
Em cima, as emoções
Do ilimitado

Atrás a noite e as mágoas de agonia
Do passado
E, em frente
Um futuro esplendente
Pintalgado de rosas
Da mais pura alegria

Feito de éter, de sonho
O caminho é risonho
Recamado de flores perfumosas

Melodia, luz, aroma!
De repente
Numa nesga de céu resplandecente
Assoma
Uma rutila esfera
Como um país de doce primavera
Intérmina de gozos!
A alma se extasia
Na luz do eterno dia
Com os pensamentos puros e radiosos
Ora a Deus

Recorda em prece os sofrimentos seus
Evoca as lágrimas vertidas!
Contempla panoramas de outras vidas
Vidas de estranha dor

Mas cada gota amarga dos seus prantos
Agora
É um raio de aurora
Que um a um
Vão formando uma auréola
De brilhos santos
Que a engrinalda de luz

Em suavíssima unção
A pobre alma orando
Chorando
Nessa prece
Reconhece
A alvorada de sua redenção!

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