Pangéia
Mensageiros do ventoQuando os deuses pisavam no chão
Em pé de igualdade com os ancestrais
Cada qual com sua mão
Contemporâneos da criação
O sol era o olho do pai
O dia e a noite irmãos
A lua brilhava bem mais
Na terra o homem vivia em paz
E então o vento soprou,
Revolveu a areia e o mar.
Tudo começou numa manhã
Com o céu de nuvens carregado.
O Poder, um deus enciumado,
Desafiou a Virtude, sua irmã.
Qual dos dois reinados o maior?
Qual dos dois o mundo mais amava?
A Virtude só observava,
O que tornava a fúria do gigante ainda pior.
E então o vento soprou,
Revolveu a areia e o mar.
Foi quando lá do alto ele avistou
O Homem que, incauto, ali chegou.
O Poder tomou-o pela mão
Para ser o árbitro da questão.
Convidada para o tribunal,
A Verdade veio, imparcial.
O Medo chegou sem ser chamado
E sorrateiramente injetou seu mal.
Quando os deuses pisavam no chão,
Em pé de igualdade com os ancestrais.
O peso de uma decisão:
A Terra, ferida, partiu-se então.
Como poderia responder?
Como abrir a mão do poder?
Como encarar a verdade?
Como ser fiel à virtude?
Como abrir a mão do poder?
Como encarar a verdade?
Como ser fiel à virtude?
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