Michel f.m.

Queria ser ninguém (em meu conservadorismo liberal)

Michel f.m.
Insistentemente
Como nunca planejei,
Orgulhosamente
Queria ser ninguém.

Identicamente pouco parecidos,
Distorcidos em imagem e semelhança,
Capturo imitações sem compromisso,
Em seu uso um desuso me alcança.

Queria ser ninguém
Em meu conservadorismo liberal.

É difícil se ausentar
À própria presença,
Edifícios arranhando
A paisagem local.

Codifico informações
Ao formular a sentença,
Meu conservadorismo liberal.

Anti-partidário recém afiliado,
Estaria em cima do muro
Se não o tivessem derrubado.

Superávit de inteligência,
Descreveu não leu é porque não viu,
Déficit de coerência,
Justapostos ao regime que os pariu.

Vá pro regime que te pariu...

Queria ser ninguém
Em meu conservadorismo liberal.

Muito esforço e transpiração,
Estabeleceram minha pose,
Faturamento anual e crônica neurose.

A recompensa da aposentadoria
E seções de terapia em hipnose.

Apesar do jabá, suborno e propina.
Invisto na amizade, respeito e simpatia.
Como igualar se não descrimina ?

Quando era muchacho
Não adivinhava,
Que no orbe dos adultos
A gente se adestrava.

Afirmação enganada,
Se chama convicção,
Correta só a errata,
Convicta de hesitação.

Um grande camarada
Foi o bicho papão,
Me fazia companhia na solidão.

Queria ser ninguém
Em meu conservadorismo liberal.

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