Um ramo de violetas
Moacyr francoMas o seu marido era rude e calado
O duro olhar daquela criatura
Nunca revelaram um pouquinho
De ternura
Mas nesse lar chegavam sempre
Cartas de amor de um estranho
Cartas cheias de poesia
Que devolviam sua alegria
Quem escrevia cartas tão sinceras?
Quem lhe falava tanto em primavera?
Quem saberia o seu aniversário?
E sem cartão dizendo o nome
Lhe mandava um ramo de violetas
E ela sonha, ela imagina
Como é esse alguém que tanto à estima
Seria um jovem aquele audacioso
Sorriso aberto, terno e carinhoso
E sem saber sofre em silêncio
Sem descobrir o amor secreto
E vive assim quase esquecida
Na ilusão de ser querida
E a cada tarde seu marido chega
Cansado do trabalho
Cansado e silencioso
Não fala nada porque já sabe tudo
Sabe também o que ela está pensando
É ele quem lhe manda versos
É seu amante, amor secreto
Ela sorri sem saber nada
Depois se entrega apaixonada
Quem escrevia cartas tão sinceras?
Quem lhe falava tanto em primavera?
Quem saberia o seu aniversário?
E sem cartão dizendo o nome
Lhe mandava um ramo de violetas
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