Que aquele menino do interior
Veio pra cidade grande
Deixando de ser lavrador
Veio pra comer no prato da ilusão
Do pão que o diabo amassou
Veio pra comer no prato da ilusão
O pão que o diabo amassou
Tantas vezes deve ter dito a si mesmo
Não é mesmo fácil sobreviver
Tantas vezes deve ter tido
Vontade de voltar sem poder
Fome sede frio medo e desemprego
Como respirar difícil sem sossego
Sorte aparecer um amigo do peito
Pronto pra estender a mão bom sujeito
Nunca foi tão fácil ganhar um dinheiro
Só pra carregar um embrulho maneiro
E sem saber
O que estava acontecendo o menino carregou
Aquele pacote maneiro
Que lhe dava o dinheiro que ele nunca sonhou
E sem saber
O que estava acontecendo o menino se assustou
Um homem colocou em seus braços
Uma pulseira de aço e o levou
O que será que aquele embrulho levava
Tanta coisa estranha o menino escutava
Tanta gente falando na mesma hora
Dizendo menino ponha tudo pra fora
E por não saber não entender onde estava
Lembrando do sertão o menino chorava
E sem saber
O que estava acontecendo
O menino se lembrou
Das verdes montanhas, da cascata
Da casinha lá da mata que ele um dia deixou
E sem saber
Se um dia voltaria o menino chorou
A cidade era tão grande e não tinha
O que a cabecinha sonhou
Me lembro daquela vez que aquele menino do interior
Voltou da cidade grande e como lavrador ficou
Fugindo de algo tão medonho
Esquecendo de um sonho
Que desmoronou
Fugindo de algo tão medonho
Esquecendo de um sonho
Que desmoronou
Me lembro daquela vez
Que aquele menino
Voltou
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