Os trapalhões

Centro da cidade

Os trapalhões
São quase nove horas
Estou no centro da cidade
Pra saber sua verdade
Estou chegando agora

E vejo três senhoras
Uma que fala em Roma
Outra fala em Grécia
Outra fala em Tróia
É pura paranóia

Vejo um pintor de tolos
Um pintor de telas
Quem me diz quer góia
E o nordestino olha
Aquele otário que malandro deita e rola
E ainda por cima bóia

E faz sua tramóia
Bate a carteira
E se não tem carteira
Ele leva jóia
E a multidão apoia

A Luz del Fuego que se enrola
Que se enrosca
Na cobra jibóia

E
O cego humilde artista
Embora sem a vista
Seu verso diz assim
Já vi poderes
Gente cair lá de cima
Só não vi a luz do dia
Esta é minha sina
Já vi poderes
Gente cair lá de cima
Só não vi a luz do dia
Esta é minha sina

São quase onze horas
O protestante e um rabino
Discutindo os poderes de Nossa Senhora
Eu vejo genro e nora
E o vendedor que vende a sua dor
Para a mulher que chora

O riso e a moça bela
Tem raça branca
Raça Negra
Estraga raça
E raça amarela
E a cidade apela
Creme dental
Crime banal
Crime brutal
Com sabor de vela

E
Um sinal verde pifa
E uma vida rifa
De sangue o chão se cora

E
Os carros vão parando
E a multidão andando
A mais de cem por hora

Por hora
A cidade está matando a mais de cem
Por hora
Por hora
A cidade está matando a mais de cem
Por hora
Por hora
Por hora
Por hora

Encontrou algum erro na letra? Por favor envie uma correção clicando aqui!