Mala amarela
Otávio augusto e gabrielE um fosco clarinho rasgava o barjão
Era o trem noturno, que vinha apontando
E logo parando na velha estação
Meu corpo tremia, meus olhos molhados
O meu pai do lado e a mala no chão
Beijei o seu rosto e disse na hora
O mundo lá fora me espera paizão
Entrei no vagão, corri pra janela
E a mala amarela do velho catei
O trem deu partida, soprou bruscamente
E ali novamente sua mão eu beijei
Um pouco pra adiante vi minha casinha
E a minha mãezinha de pé no portão
Ela não me viu e no trem na corrida
Ouvi as latidas do velho sultão
Um certo senhor da poltrona vizinha
Me dizia que vinha do paranazão
E disse também de um jeito cortês
É a primeira vez que deixo o sertão
Pedi seu conselho e ele me disse
Seu moço a velhice é dura demais
Eu sou bem mais velho e posso aconselhar
É duro ficar distante dos pais
Eu nunca esqueci o que o velho falou
O tempo passou e pra casa voltei
Quem fica distante jamais se conforma
Lá plataforma meus pais avistei
Desci comovido, abracei ele e ela
E mala amarela meu filho eu não vi
Meu pai acredite na fala de um homem
Pra não passar fome a mala eu vendi
Que pena, que pena, era minha lembrança
Que eu trouxe de herança do seu avô,
Mais deixa pra lá, eu vou esquecer,
A herança é você e você já voltou
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