Paulo sérgio valle

No bloco do eu sozinho

Paulo sérgio valle
No Bloco do eu sozinho
Sou faz tudo e não sou nada
Sou o samba e a folia de fantasia cansada
Sou o novo e o antigo
Sou o surdo e o entrudo
Visto farrapo e o veludo
Faço um breque, depois sigo
No bloco do eu sozinho
Sozinho sou cordão
Sou a esquina do caminho
Sou rei Momo e Damião
Sou o enredo da parada
Sou cachaça e sou tristeza
Pulando junto e sozinho
Faço da rua uma mesa
No bloco do eu sozinho
Sou São Jorge que passeia
Sou alguém que esquece a lua
em favor de uma candeia
Sozinho sou a cidade
Sou a multidão deserta
Pé na dança, mão aberta
Em busca da vida cheia
No bloco do eu sozinho
Sou a seda do estandarte
Sou a ginga da baiana
Sou a calça de zuarte
Sou quem briga e deixa disso
Sou Oropa e Aruanda
Sou alegria de Rosa
que nunca brinca em serviço
No bloco do eu sozinho
Sou a sorte e o azar
E o folião derradeiro
que abre os braços pra brincar
Sou passista e sou pandeiro
E nas pedras da calçada
Sou a lembrança mais fria
de um mundo sem madrugada
No bloco do eu sozinho
De toda e qualquer maneira
Na bateria calada
Nas cinzas de quarta feira
Nos confetes da calçada
Nas mãos vazias de Rosa
Sou alegria teimosa
Sambando pra não chorar!
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