Boiada do araguaia
Pedro bento e zé da estradaParou pra fazer pousada porque já escurecia
Naquele ermo deserto só céu a mata existia
Morava uma pintada terror da selva bravia
Quando essa fera miava tudo ali silenciava
Sertão inteiro tremia
Moído pelo cansaço da luta daquele dia
Naquela noite soturna enquanto o fogo ardia
Deitada sobre o baixeiro a peonada dormia
Somente um urutau o silêncio interrompia
De vez em quando gritando parece que anunciando
O perigo que surgia
A noite já ia alta era quase madrugada
A boiada remoía lá na beira da aguada
Ouvindo o mugir do gado a fera esfaimada
Naquele andar de felino veio vindo de emboscada
O cheiro da carne humana aquela fera tirana
Foi atacar a boiada
Aquele pobre boi velho que nas águas foi jogado
Conseguiu sair com vida antes de ser devorado
Pra se ajuntar à boiada com o corpo retalhado
Ele ia caminhando passo a passo bem cansado
Andando com lentidão chegou na hora que os peões
Já iam ser atacados
Defendendo a peonada que acordou espavorida
Aquele pobre boi velho com o corpo em feridas
Morreu lutando com a fera que por ele foi vencida
Disse o moço ponteiro com a alma comovida
Foi quem não valia nada que salvou toda a boiada
E também as nossas vidas
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