Janela do tempo
Pedro bento e zé da estradaMeu pensamento voou nas asas do infinito
Cruzou vales e campinas, matarias e cerrado
Depois desceu de repente
E pousou suavemente lá no chão do meu passado
Meu cachorrinho paqueiro que eu criei na mamadeira
Sentindo minha chegada me esperou lá na porteira
Saltitante de contente em meus braços se atirou
Enquanto ele me lambia
Parece que ele dizia: - foi bom que você voltou.
Do portãozinho da sala tirei o prego e a corrente
E entrando devagar segurando nos batente
Meus olhos encheram d'água quando vi mamãe sentada
Naquele mesmo banquinho
Remendando com carinho a minha roupa rasgada.
Um retrato preto e branco na parede pendurado
Eu no colo de mamãe e meu pai ali do lado
A sala de chão batido e a nossa linda mobília
A mesa e quatro cadeiras,
Lá num canto a cristaleira e um velho radião à pilha
Na despensa e na cozinha benza- Deus quanta fartura
Carne de porco na lata misturada na gordura
Fornada de pão caseiro que a mãe fez caprichado
Fiz uma prece pra ela
Depois fechei a janela e fui dormir sossegado.
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