Profunda mente
RascunhomusicalAssim está bom, poderia estar ótimo se tivesse praia.
Não tem praia, não tem campo, tem prédio, tem casa, tem gente esquisita, tem gente que não olha na cara da gente, tem gente boa, tem gente indecente, tem gente que nem parece gente, gente bem diferente da gente.
Não tem muita beleza, muito menos natureza, a não ser a natureza que existe dentro de mim.
...porque dentro de mim existem matas virgens a serem exploradas,
existem campos onde a relva permanece coberta de pequeninas flores de várias cores, e uma infinidade de pequenos seres alados pululam a vegetação.
Dentro de mim também há inverno, mas é diferente desse inverno que há por fora.
Dentro de mim o inverno tem lareira, tem piso de madeira, acolchoado, chocolate quente, e quando há frio tem neve, boneco de neve, e tudo fica branquinho, branquinho.
Há dias em que dentro de mim também chove, mas nunca há enchentes. Tem relâmpagos coloridos, trovões em sol maior, e tempestades em rítmo de valsa fazendo tufões dançar.
Depois da chuva sempre brilha um sol e surge um arco-íris. E quando isso acontece...adivinha!!!, desabrocham florezinhas pequeninas multicoloridas que povoam os campos de relva. Isso tudo ser falar no perfume fresco de primavera...
No outono quando caem as folhas, dentro de mim se forma um tapete natural, espesso e macio por onde é gostoso caminhar, deitar e gargalhar.
Dentro de mim é assim.
Do outro lado, do lado de fora, eu não sei. Muitas são a vezes em que fico aqui. Poucas são as pessoas que me acompanham, mesmo porque, para enxergar tudo isso é preciso fazer o que poucos fazem - olhar bem profundamente dentro dos meus olhos. Eles são a porta de entrada... ...e raramente se encontra a saída.
Se você prestar bastante atenção, la dentro verá um caminho batido, contornado de vegetação baixa, algumas pedras cercadas por ramalhetes de flores vermelhas, amarelas e azuis, um mourão de madeira envelhecida já corroído pelo tempo ao lado direito, uma grande paineira cuja copa serve de playground para as andorinhas ao lado esquerdo, de onde se pode observar um grande cânion por onde se precipita um curso de água. Esta é a entrada.