Rui veloso

Guadiana

Rui veloso
Corre nobre guadiana
Espelho de moura formosa
Vai ficando uma ribeira
Pela terra sequiosa

Nunca pensei assisti
À tua dor na charneca
É como um deus a cair
Ante a barbárie da seca

Corre corre guadiana
Pela terra alentejana
Pudesse dar-te esta canção
A vertigem dos caudais
Dar-te o farto aluvião
Das águas primordiais

E ver-te com dignidade
A correr entre os campos
Como o rio que tem um caminho
Desde o começo dos tempos

Ouve as pedras do teu leito
A pedir que não as deixes
Ouve os barcos parados
Ouve os homens ouve os peixes

Corre corre guadiana
Por essa terra raiana
Que eu faço um apelo aos lagos
Convoco no céu as fontes
Teço três meadas de água
Dos fios perdidos nos montes

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