Os velhos do jardim
Rui veloso
Quando o sol sobe no céu,
Chegam ao jardim os velhos,
Honoráveis presidentes
Dos bancos de pau vermelhos
Chegam ao jardim os velhos,
Honoráveis presidentes
Dos bancos de pau vermelhos
Analisam movimentos,
Conferem as florações,
Medem o canto das aves,
Dão aval às estações.
Não há nada no universo
Que aconteça sem o não e sem o sim
Dos velhos do jardim.
Depois, chamam os pombos…
De pão e milho dão festins
E os pombos falam com eles
Na língua dos querubins.
Quando a tarde se despede,
Voltam de novo a ser velhos
Seguem o rasto do sol,
No lago feito de espelhos
Não há nada no universo
Que aconteça sem o não e sem o sim
Dos velhos do jardim.
O dia vai-se acabando
No seu lento e frio afago,
Um dia vão subir ao céu
Montados nos cisnes do lago.
Não há nada no universo
Que aconteça sem o não e sem o sim
Dos velhos do jardim.
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