Olhando a paisagem
RumoFoi dar uma voltinha, fazer qualquer coisa
Ê Odete, toda enigmática
Nunca diz aonde vai
Mas bem que ela foi inteligente mostrando a paisagem
Pois eu não estava fazendo nada mesmo
Imagine que coisa tediosa ficar ali esperando
Sem ter o que olhar
No entanto não tinha sentido ela demorar tanto
Deixando-me ali horas e horas
Anoitecia, passavam-se os dias
E nada de Odete voltar
Até que eu fiquei desconfiado que algum imprevisto
Algum contratempo tivesse afligido Odete
Foi a conta! Entrei pra dentro e comecei a telefonar
Liguei pra um monte de gente
E todos foram unânimes
Infames! Tentavam me convencer
Que Odete não ia voltar
E pediam pra que eu desistisse
Que desistir uma pinóia! eu respondia
Vai voltar, sim!
Então me acalmei bem depressa olhando a paisagem
Pois não dá outra, tem que esperar mesmo
Ela disse: "vou dar uma voltinha,
Fazer qualquer coisa, já volto"
É claro que nem sempre sai como a gente planeja
Vou até ali já volto... não volta!
Não controla, acontecem mil coisas
Você acaba se envolvendo
O que me intrigava na história é que o tempo passava
Passava e já tinha um mês e meio
E olha que isso é muito!
Pra quem espera o tempo passa devagar
Mas quando eu já estava no auge da desilusão e da desesperança
Quem é que aparece?
Quem é que pinta na minha paisagem?
Quem é que vem segurando um pacote?
Quem é que pede pra eu dar uma mãozinha
Quem é que me aperta, me abraça e me dá um beijo, quem é?
Quem é que chega com a cara cansada
E no entretanto inda topa fazer um café?
Quem é? Quem é? Quem é?
Vamos, respondam só isso:
ODETE!!!
Exatamente!