Quando o samba acabou
Silvio caldas
Lá no morro da Mangueira
Bem em frente a ribanceira
Uma cruz a gente vê
Bem em frente a ribanceira
Uma cruz a gente vê
Quem fincou foi a Rosinha
Que é cabrocha de alta linha
E nos olhos tem seu não sei quê
Numa linda madrugada
Ao voltar da batucada
Pra dois malandros olhou a sorrir
Ela foi se embora
Os dois ficaram
E depois se encontraram
Pra conversar e discutir
Lá no morro
Uma luz somente havia
Era lua que tudo assistia
Mas quando acabava o samba se escondia
Na segunda batucada
Disputando a namorada
Foram os dois improvisar
E como em toda façanha
Sempre um perde e outro ganha
Um dos dois parou de versejar
E perdendo a doce amada
Foi fumar na encruzilhada
Passando horas em meditação
Quando o sol raiou
Foi encontrado
Na ribanceira estirado
Com um punhal no coração
Lá no morro uma luz somente havia
Era sol quando o samba acabou
De noite não houve lua, ninguém cantou.
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