Adeus gaúcha
TeixeirinhaEstava clareando o dia, dela eu me despedi.
Toquei a espora no pingo, e pela estrada sai,
À grama verde orvaiada, cantava uma juriti.
Chapiei meu chapéu preto, com a juriti fiz dueto:
Adeus, terra onde nasci.
Adeus, adeus, adeus terra onde nasci.
Adeus, adeus, chorando me despedi.
Quando cruzei na divisa fiquei mais aborrecido,
Senti que estava pisando num estado desconhecido.
Oiei pra trais e acenei pra terra onde eu foi nascido,
Meu cavalo relinchou, suspirei e dei um gemido,
Sofrendo igual o seu dono por deixar no abandono
Nosso rio grande querido.
Tive dó do meu cavalo que sofria sem razão,
Tirei o arreio de cima e sortei meu alazão.
Dei um tapa sobre a anca: vorte pro nosso rincão,
Não tem culpa se o dono sofre a desilusão.
Aí eu segui para frente, chorando pranto dolente
Da triste separação.
Agora conto por que deixei a terra querida:
A gaúcha que eu amo já era comprometida.
Pra não morrer não matar ela fez a despedida,
Sei que também era amado: ela chorou na partida.
Ainda amo e não nego, faz treis ano que eu carrego
Esse desgosto na vida.
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