Teixeirinha

Gaúcho andante

Teixeirinha
(E atenção pessoal: Vamos marcar este xote bem direitinho
Pra esquerda e pra direita, mas não fazer buraco no salão!

Eu sou gaúcho e vivo solitário
Percorro os pagos da minha fronteira
Domando potro e quebrando de queixo
Vou no perigo só por brincadeira

Tenho um cavalo amigo de estrada
Tenho um cachorro que é meu companheiro
Mala de poncho e uma capa gaúcha
Um bom revólver para os entreveros

(É verdade amigo, é verdade porque um gaúcho prevenido vale por dois
E o meu revólver é Taurus, feito lá no Rio Grande
Sou capaz de colocar quarenta balas num buraco só)

Chego numa estância peço uma pousada
Levanto cedo e tomo chimarrão
Vou pra mangueira ajudar na lida
Cantando verso pros outros peão

Daqui a pouco levanta o estancieiro
Eu digo sou domador de potro
E se tem dono eu já acerto o preço
Apeio dum e vou montando noutro

(Nunca encontrei cavalo que me botasse no chão
Isto corto de espora da viria até o queixo
Se roda, saio abro a perna e saio com rédea na mão
Piso na oreia, meto o bico da bota na testa dele
E digo levanta, levanta porque eu quero montar de novo

Depois que cumpro o trato que fiz
Munto em meu pingo e saio galopando
Vou procurar serviço noutra estância
Eu vim no mundo pra viver andando

Se alguma china chorar por mim
Eu digo a ela que não chore, não
Não acredito que alguma mulher
Possa laçar este meu coração

(Isto que não laça, não laça mesmo
Gosto de mulher uma barbaridade
Mas não me prendo por rabo de saia
De jeito nenhum, eh gaúcho largado)

Como é bonito viver neste mundo
De pago em pago longe da vaidade
Eu sou gaúcho do sistema antigo
Tô sempre firme com a legalidade
Tenho dinheiro em todos os bancos
Sem ter alguém que eu possa dar
Isto é prêmio e para alguma china
Que um dia possa me pialar

(Atenção regional da Chantecler, atenção Miranda
Vamo rematar pra que este xote não ficar mais comprido
Do que suspiro em velório)

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