Teresa salgueiro

Foi deus

Teresa salgueiro
Não sei, não sabe ninguém
Porque canto fado neste tom magoado
De dor e de pranto
E neste tormento, todo sofrimento
Eu sinto que a alma cá dentro se acalma
Nos versos que canto
Foi Deus, que deu luz aos olhos
Perfumou as rosas, deu ouro ao sol e prata ao luar
Foi Deus que me pôs no peito
Um rosário de penas que eu vou desfiando e choro a cantar
E pôs estrelas no céu
E fez o espaço sem fim
Deu o luto às andorinhas, ai
E deu-me esta voz a mim

Se canto, não sei o que canto
Misto de ventura, saudade, ternura e, talvez, amor
Mas sei que cantando
Sinto o mesmo quando me vem um desgosto
E o pranto no rosto nos deixa melhor
Foi Deus, que deu voz ao vento
Luz ao firmamento
E deu o azul às ondas do mar
Foi Deus, que me pôs no peito
Um rosário de penas que eu vou desfiando e choro a cantar
Fez poeta o rouxinol
Pôs no campo o alecrim
Deu as flores à primavera, ai
E deu-me esta voz a mim

Deu as flores à primavera, ai
E deu-me esta voz a mim

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