Thelfos

Flores da primavera

Thelfos
Daqui eu vejo uma lembrança que eu esqueci
A memória apagada que desenhei em mim
Numa folha amassada
Rabiscos em tom de gris
Vai ganhando forma a forma como eu sofri
Vi tocando o chão
E senti o toque na minha mão
Perdi aquela direção que o vento soprou
Sobrou-me uma confusão
Aqui no meu coração
Em mim o sim e o não
Assim, sem explicação
Muda a situação
Veio pra partir
E partiu pra voltar

Abracei forte a lâmina que iria me cortar
A interrogação se expande sem deixar espaço
Os caracteres são limitados
Olho para trás e vejo o sorriso passado
Pra onde foi o que deveria estar aqui do meu lado?
A minha mente se torna um fardo
E esse fardo eu cansei de carregar
Levo comigo apenas o necessário
Mesmo que só com os dedos de uma mão
Eu os possa contar
De um a três
Quatro, talvez
Ainda não sei
Pois o que sei é o suficiente pra me mudar
A sensatez que me satisfez com a escassez
Do mal que transformei em bem pra poder me curar

Tudo passa como as estações que passam
Esses anos que me marcam
Eu senti frio
Mas pude me aquecer
Me cobri com as vozes distantes
E descobri em meu ser que tudo passa
Como as estações que passam
Os momentos que me falam
As folhas do outono que me fazem ver
Lentamente, os resquícios da primavera a florescer

Confesso, sou culpado
As flores me dizem que o meu crime é o meu estado
Sinto por muito sentir
Ao atravessar o lago
Afundei sem perceber
Que pra chegar ao outro lado eu tinha
Tinha que me desprender

O perfume da flor que me fez sorri
Primavera que vem e no frio põe um fim
Pétalas marcadas com as palavras escritas na minh'alma
O frio vai me deixar
O frio já me deixou

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