Acaiaca
Urca bossa jazzO que quer por esta terra?
Se está só de passagem
Não há motivo para guerra
Mas se quer o rio
Para além de água tomar
Melhor seguir seu rumo
Mretetêna aqui ficar
Mpó, mpó, mpó
Mpó, mpó, mpó
Mpó, mpó, mpó
Mpó, mpó, mpó
Viviam seus dias
Com terra seca e molhada
Na floresta, a vida
No céu, a revoada
Em volta da árvore
Mãe, mulher, irmã
Comida, canto e dança
Antah, charé, schahtâm
Dorme tranquilo, irmão
Acaiaca vai proteger
Descansa, guerreiro Puri
Com Acaiaca nada temer
Dorme tranquilo, irmão
Acaiaca vai proteger
Descansa, guerreiro Puri
Com Acaiaca nada temer
Era casamento
Noite de Lua linda
Cacique ouve silêncio
Então, o que se brinda?
Rajadas no horizonte
Nenhuma nuvem no céu
Da vida secou a fonte
Ao longe um fogaréu
(Poteh!)
Mpó, mpó, mpó
Mpó, mpó, mpó
Mpó, mpó, mpó
Mpó, mpó, mpó
Procura-se a árvore
Já não está lá
Carvão e cinza quente
É o que há em seu lugar
Agoniza Acaiaca
O grande protetor
Triste sina desse povo
Imerso em sangue e dor
Mpó, mpó, mpó
Cadê mpó, mpó, mpó?
Cadê mpó, mpó, mpó?
Cadê mpó, mpó, mpó?
Pés sem dedos
Marcas até no cascalho
Homem branco na espreita
Fico ou batalho?
Chefe diz que não (Kandl’ô!)
Jovem afirma o sim
Irmão mata irmão
Puris triste fim
Mpó, mpó, mpó
Cadê mpó, mpó, mpó?
Cadê mpó, mpó, mpó?
Cadê mpó, mpó, mpó?
O que é que houve?
Pajé logo entendeu
A tribo traída
Por traída morreu
Quanta desgraça!
Mas onde é que está
Nosso protetor
Nosso Tupá?
Mpó, mpó, mpó
Morreu mpó, mpó, mpó
Morreu mpó, mpó, mpó
Morreu mpó, mpó, mpó
O sangue derramado
É sorvido pela terra
Já não se tem o cajado
Mas o que sobrou da guerra
Nunca mais haverá canto e dança
Da boca do pajé, palavras de vingança
Quem pela pedra matou, pela pedra morrerá
À ganância do branco, a tumba dará lugar
Seu corpo está frio, irmão
Porque Acaiaca foi tombar
Sono eterno povo Puri
Anhangá vai vingar
Seu corpo está frio, irmão
Porque Acaiaca foi tombar
Sono eterno povo Puri
Anhangá vai vingar
Mpó, mpó, mpó
Mpó, mpó, mpó
Mpó, mpó, mpó
Mpó, mpó, mpó