Zé mulato e cassiano

Quando deus dá a farinha

Zé mulato e cassiano
Desde quando a humanidade habitava nos buracos
O pobre só leva chumbo e dá de cara no charco
A gente vai levantando já sai de cata-cavaco
Enquanto eu cato as migalhas, poderoso morde o naco
Já dizia a minha avó, não é invencionice minha
Quando Deus dá a farinha
O diabo carrega o saco

Numa fezinha do bicho joguei tudo no macaco
Ganhei, fui buscar a grana, deu pra encher meu bisaco
Mas na esquina topei com uma arma no suvaco
A capanga com os cobre caiu nas mãos dos malacos
Levaram a grana do bicho e mais um troco que eu tinha
Quando Deus dá a farinha
O diabo carrega o saco

Quando o homem faz o plano, daqui já fico veiáco
Pois a corda só arrebenta sempre do lado mais fraco
Promete mundos e fundos mas nunca garante o taco
O pobre não é curnicha mas sempre leva tabaco
Pago por acreditar em promessas tão mesquinhas
Quando Deus dá a farinha
O diabo carrega o saco

Do jeito que a coisa vai tô vendo a viola em caco
Por mais que a gente esperneie cai na treta dos bruacos
Mas Deus dá o frio conforme a espessura do casaco
Parece sem solução mas assim mesmo eu ataco
Prefiro morrer brigando, sou igual galo de rinha
Quando Deus dá a farinha
O diabo carrega o saco

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